domingo, 10 de agosto de 2014

PAI

Bom hoje é dia dos pais. Eu, como todos sabem (pelo menos os que me conhecem), sabem que estou longe do meu, em busca de um objetivo que me privou da sua companhia . Por isso, hoje em homenagem especial a ele, e a todos os pais, dedico este pequeno texto a eles. A primeira lembrança que tenho de meu pai, é de suas histórias. Ele me contou várias vezes como quebrou todas as regras para ver o meu parto. Segundo suas próprias palavras, ele foi impedido de entrar na sala de parto pelo médico obstetra. Imagine um jovem de 23 anos, a espera de seu primeiro filho, sendo privado de tão grande emoção....ele, porém, com seu valor e caráter que sempre foram nobres, acatou a decisão. Mas nem sempre a razão e aquilo que achamos ser o correto é o que deve de fato ser feito. 5 minutos após o comunicado dado pelo médico, acontece o fato que com certeza foi o impulso divino necessário para que ele pudesse ter o direito irrevogável de ver o seu primeiro filho nascer: um rato, corre pelo corredor do hospital e entra pela porta do centro obstétrico....pensou ele " bem se um rato entrou, eu também vou entrar......e não haverá que me pare....". Ele então invadiu o centro cirúrgico e pode mesmo a contragosto do nobre médico, assistir aquilo que ninguém poderia lhe negar naquele momento: o momento de ser pai! Tenho certeza, que apesar da minha choradeira ao nascer, que sua presença fez diferença desde o  meu primeiro suspiro neste mundo. Após esse dia em que eu cheguei na Terra, muitas outras lições vieram. Pude constatar sua preocupação em nos dar (eu e meus dois irmãos, Rogério e Rodrigo), o melhor que ele pudesse. Em todos os sentidos. Mas o que mais me deixava feliz era quando podíamos fazer algo juntos. Seja viajar, esquiar na represa (coisa que ele nos ensinou desde bem cedo), andar de bicicleta, ou simplesmente almoçar na mesa de casa. Aliás, ele também esteve presente com muita calma e coragem quando eu quebrei o braço numa queda de bicicleta e ele teve a força de colocar meus ossos quebrados no lugar. O tempo foi passando e a medida que ficamos mais velhos, nós achamos que podemos dar conta de tudo sozinhos. De alguma forma, isso é verdade, mas deveríamos sempre, antes de qualquer decisão na vida, conversar com nosso pai. Mesmo que ele diga algo que a gente não concorde ou não goste, podemos ter sempre a certeza de que o que vier é sincero e como todo o pai diz quando a gente é criança "para o seu bem". Realmente, depois de 37 anos como filho, posso dizer que hoje sou o que sou e faço o que faço graças as lições aprendidas com meu maior exemplo. Logicamente, que pela nossa limitação como seres, nem sempre eu acertei como filho ou ele como pai. Porém a graça também está nas discordâncias, pois com elas aprendemos a enxergar que as diferenças nos fazem sempre crescer e que sem elas não sairíamos do lugar. O conflito é bom, especialmente entre pai e filho, porque dele surgem mudanças para uma vida toda. Sei que quando decidi ser médico e "abandonei" o trabalho que tinha com ele, que ele não ficou feliz. Mas lembro-me também que no dia seguinte ele me levou no cursinho em Campinas (diga-se de passagem o melhor da época), para que eu pudesse ter êxito no meu sonho de seguir o que meu coração dizia. Os pais tem essa sensibilidade, de mesmo discordados, as vezes deixarem o destino agir, mesmo que diferente daqueles que eles planejaram previamente. Sabem, que com os tombos da vida, nós crescemos. Mas não deixam de dar a mão, mesmo que não concordem com algumas decisões tomadas. O que eu sei, é que em toda a minha história de vida, ele sempre esteve presente, estendendo a mão e trazendo força e perseverança para enfrentar as adversidades ( que foram muitas até aqui...). Ao mesmo tempo, podemos também ajudar após algum tempo e os papéis se invertem. Fico muito feliz de poder contribuir de alguma forma quando ele precisa (afinal de contas, pai também tem problemas). E isso estreita um laço de confiança mutua e amor que não encontramos em outros tipos de vínculos, apenas com nosso pai e nossa mãe.  Com o pai aprendemos a ser fortes, a enfrentar a vida de frente e de cabeça erguida. Aprendemos a ter princípios e a não sermos injustos ou desonestos com os outros. Aprendemos valores de caráter e retidão, evoluindo como seres ao seguir o seu exemplo. E por incrível que pareça aprendemos até mesmo quando eles erram ou nos magoam, porque nesses momentos é que nossa união é testada e aí vemos o quanto é que estamos próximos e o quanto podemos nos ajudar, em qualquer que seja a circunstância. Hoje sei que o valor de um pai é inestimável. Sei que aqueles que já perderam seus pais sofrem muito pela sua ausência e pela impossibilidade (pelo menos no mundo físico visível) de pedir uma mão amiga, um conselho ou simplesmente conversar. E isso faz muita diferença, principalmente quando temos um pai presente e amigo, como eu tive. Queria dizer que eu te amo e que desejo tudo de bom no seu dia. Você é e sempre será um exemplo para mim. E deixo esse texto em aberto, para que os filhos que por ventura leiam, possam não deixar passar esse dia em branco e o usem como inspiração para dizer o que tem que ser dito num dia especial como o dia dos pais. Aproveito para dar aos parabens ao mais novo pai da minha família, meu irmão Rogério, que hoje comemora seu primeiro dia dos pais, e ao meus dois avôs (pai de meu pai, Raymundo, e pai da minha mãe, Rubens (in memorian), que também foram exemplos de homens íntegros e dedicados a família a aos bons princípios na vida. Um grande beijo a todos e um grande parabens aos pais e futuros pais (que eu pretendo um dia ser).