sábado, 9 de fevereiro de 2013

CURA

Apesar de ter escrito que não escreveria nada hoje, resolvi mudar de idéia. Nos meus sábados a noite em geral assisto a um filme, no meu quarto aqui em Leipzig. Realmente trata-se de um exercício díficil pois ao escolher uma filme mergulhamos muitas vezes nas nossas próprias histórias de vida; num reflexo, como que num espelho. Os filmes buscam em seus roteiros mostrar, por uma sequência lógica de fatos e acontecimentos, algo importante ou tocante sobre a natureza humana. Eu gosto muito de filmes. Especialmente aqueles com os quais me identifico e pelos quais algumas vezes me emociono. Hoje assisti um desses filmes, que inclusive se encontra online no YOUTUBE para visualização grautita. Chama-se A CURA. Quem já viu esse filme depois de um tempo deveria ver de novo. Foi o que eu fiz hoje. Quem ainda não viu, deveria ver. É uma história um tanto quanto triste, mas cheia de lições. Tanto morais quanto filosóficas. Esse filme foi rodado em 1995. Conta a história de um menino de 11 anos que por um azar contraiu o vírus HIV. Naquela época o temor era muito maior pois os tratamentos para esse vírus eram muito menos eficazes (quem não se lembra do CAZUZA que até sangue de cavalo tomou para ver se conseguia vencer o vírus. Como todos sabem o vírus o venceu). Portanto a palavra chave hoje é a CURA. A cura no dicionário se define como: Ação ou efeito de curar. / Recobramento da saúde. / Tratamento, remédio: cura termal. / 
Pois bem, nos dias de hoje mas do que nunca a cura se faz necessária, no meu entender tanto individualmente quanto como sociedade. Nunca constatei tanta coisa errada ou doente nesse mundo como atualmente. É  de se estranhar que muitas coisas piorem a cada dia, pois evoluímos a velocidade da luz em alguns campos do conhecimento mas nos desfazemos em exageros e coisas sem nexo na busca de algo que passamos a vida procurando e nunca encontramos. Sinto que a cura, ou tratamento como o próprio dicionário diz,  se encontra dentro de cada um. Cada pessoa tem papel fundamental no processo de cura, especialmente a cura de si mesmo. Esta é a maior de todas as curas, no meu entender como pessoa. Quem não busca a auto cura está fadado a ser enganado pelos valores impostos e colocar sua realização pessoal fora de si mesmo. Isso não é possível. A cura está SEMPRE e INEVITAVELMENTE dentro de nós mesmos. Não está no dinheiro, no reconhecimento, na fama ou no sucesso. Não está no fato de ser o primeiro lugar ou ocupar um lugar de destaque. Não está também na busca por bens ou posses. Muito menos na conquista dessas coisas por meios ilícitos (algo muito comum no dia de hoje, e me recuso a ser hipócrita e não assumir que talvez em alguns momentos da minha vida, muitos na verdade, me aproveitei  de minha posição como pessoa para benefícios não legítimos em nome de meus interesses pessoais....). O que observo hoje é que as pessoas estão perdidas. Estão se adoentando em nome de algo que não entendem porque fazem. Muitas fazem simplesmente por conta dos outros estarem fazendo ou falando que aquilo é bom. Não que essa seja uma atitude errada ou fora do contexto de melhora ou da busca pela perfeição (meta impossível aos humanos sem exceção), mas do modo como é executada, sim com certeza, trata-se de uma doença. Da alma talvez (para os materialistas ou ateus da mente....). Isso está em descompasso. A cura está dentro e não fora. Está nas suas entranhas mais profundas e não nas suas aparências, no ego. Acredito que enquanto o ser humano não mudar o paradigma de seus valores, e passar a trabalhar continuamente de fora para dentro mas do que de dentro para fora as coisas só vão continuar invertidas. As evoluções vão se tornar fatores para retrocesso pessoal. Quanto mais nos é oferecido, mais queremos o que está fora. É notório que o modelo capitalista e consumista de hoje só sobrevive de nossa auto-insatisfação com nós mesmos. Se não fossemos insatisfeitos não haveria capitalismo. Muito menos consumismo. O ego está acima de tudo para muitos. Alguns poucos, se negam a entrar na onda. E acho estas pessoas de valor. Que se garantem em si mesmas não pelo que aparentam mas pelo que são. E não por fora, mas por dentro. A cura, portanto, começa pela aceitação que estamos doentes. Vivendo de modo doente, entre muitos outros doentes. Sugiro uma reflexão. Pois me incluo 100% no grupo desses doentes. Tenho, assim como todos, limitações e defeitos, assim como virtudes e qualidades. Mas hoje tento desempenhar com maior afinco aquilo que possa me modificar por dentro. E para mim, esta é a maneira maior de subir degraus importantes na busca da CURA. Assistam ao filme, todos aqueles que se interessaram por esse texto. A CURA :http://www.youtube.com/watch?v=pibzo6l4Oks Quem se der ao direito de perder 1h e 30 minutos vai descobrir na inocência de duas crianças (as crianças tendem a ter uma visão mais sincera e verdadeira do mundo) o valor e a busca da cura, tanto biológica quanto moral e espiritual. Dizem que o ser humano é um ser bio-psico-social. Mas eu me vejo na liberdade de introduzir mais termos : bio-psico-social-energético-espiritual. Esta é uma visão mais abrangente. E com ela  podemos quem sabe começar a olhar para nós mesmos menos receosos, e passarmos a encarar nós mesmo na busca por essa CURA. Que esta venha a todos, em todo o mundo e em todas as organizações de sociedade e que vivemos, independentemente das origens e crenças. Bom sábado de carnaval a todos!


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