domingo, 16 de março de 2014

COMPETICAO

Ola leitores...estive num período de ausencia nos últimos 2 meses, mas hoje volto a escrever sobre uma nova palavra. O tema hoje é competição. Esse tema me surgiu após uma conversa que tive com minha namorada e de fato eu e ela nos incomodamos muito as conclusões as quais chegamos. No mundo esportivo competir é saudável e até mesmo desejável. Nesse campo, a tentativa de superar limites faz com os seres humanos busquem novas marcas nas mais diversas modalidades. Isso provoca um progresso no que diz respeito a performance, fazendo com que os limites se superem de tempos em tempos. No entanto, q competição a qual quero discorrer é aquela entre as pessoas comuns  e não relacionadas aos esportes. Nosso modo de vida exige que tenhamos performance, seja o que quer que seja que façamos. Isso na medicina é notório, e uma vez sendo médico, sinto isso cada vez que tenho a oportunidade de ter uma discussão franca com colegas. No que diz respeito a nossa vida pessoal, também almejamos posições cada vez maiores e que reflitam o tão almejado sucesso. Também há aquela competição consigo mesmo, o que faz com que busquemos nos aperfeiçoar. No entanto essa busca pela excelência tem criado uma geração baseada nos resultados finais e não na construção do caminho. E também faz com certo padrões considerados como normais ou inevitáveis numa evolução classificada por muitos como "normal" seja o objetivo de todos. Porém, no fim, o que observo, é que as pessoas querem sempre estar bem e felizes, porém quase sempre querem se sentir maiores ou mais bem sucedidas nos seus campos de atuação, tanto profissional quanto pessoal do que os outros. Se se enxergam abaixo de um patamar tido como necessário a esta satisfação  egóica da vaidade, ficam perturbados. E aí a coisa que deveria ser saudável passa a se tornar de alguma forma patológica. O que deveria ser uma comparação inofensiva entre pessoas (muitas e a maioria delas muito próximas de nós) se torna uma ferramenta de sofrimento, angústia e competição no sentido mais animal da palavra. Muitos dirão: " mas voce também compete"....e eu direi, sim não me isento de tal prática, e em várias situações tenho que me esforçar bastante para não entrar nesse parafuso que se acentuou na modernidade. Acredito que a competitividade trouxe muitas evoluções para a humanidade, mas para o ser humano comum, ela apenas é uma pedra na psique que impede uma vida mais leve! A isenção de uma performance ideal ou superior deveria ser a meta, tentando desta forma segurar em rédeas curtas sua vaidade. Vaidade que em muitos casos torna-se razão de fim de relacionamentos, brigas entre colegas de trabalho, discussões marcantes entre pessoas que se gostam e que não conseguem deixar de querer de se sentir mais do que o seu próximo. O que é ser mais? Existe uma classe de pessoa que é totalmente vitoriosa na vida, em sua plenitude completa e em todas as suas nuances? Absolutamente não. Somos todos limitados como seres pensantes, e se faz impossível alcançar a excelência máxima em todos os aspectos da vida. Na verdade, aqueles que nesse jogo de vaidade e orgulho se infiltram, tornam-se pessoas frias, que deixam de aproveitar a vida no que ela tem de melhor e acabam por deixar passar oportunidades de relaxar e ser feliz apenas por ser o que é. Nada que seja utilizado como instrumento mensurador do sucesso é suficiente para neutralizar um desconforto interno que acompanha muitos daqueles que só pensam em "vencer" na vida. Vencer na vida é um conceito extremamente complexo e amplo. Nossos costumes nos fazem pensar no sucesso como naquele obtido na esfera profissional,  ou como pai, irmão, filho, membro da sociedade desde que sejamos admirados e o reconhecidos  pelos outros. O sucesso real vive dentro de cada um. E não importa o quanto "bom" voce seja. Desde que voce tenha um mundo interior equilibrado e menos vaidoso,  as oportunidades de ser vitorioso se ampliam. Nada e nem ninguém será nem melhor e nem pior do que voce, quaisquer que sejam os itens que sejam avaliados. No final das contas, pelo menos para mim, observo que se impor aos outros ou mostrar que está bem ou mais bem sucedido na vida só diz respeito a essa necessidade humana de admiração e de provocar os outros. Não acho que esta seja uma postura de fato útil para as pessoas que pensam numa vida sem sentimentos difíceis de lidar a longo prazo. É preciso lembrar também que os sinais não verbais e energéticos enviados pelo sentimento de disputa são captados por nosso "sextos sentidos" o que provoca em muitos casos repulsa e  antipatia gratuita entre as pessoas. Sugiro uma reflexão. Sugiro que num ambiente social, todos possam falar de seus projetos e conquistas, mas de uma forma sutil, não agressiva, altruísta e construtiva. Sei que parece dificil, mas é só avaliar como está se sentindo durante o ato para saber qual é seu lado mais forte, o humilde e altruísta, ou o egoísta, vaidoso e orgulhoso. O futuro das relações humanas de qualidade passam por uma completa destruição do ego para o nascimento de um novo modo de se relacionar com outras pessoas em qualquer esfera. E a substituição da competição por compreensão, e de que nosso sucesso é regido não apenas por nós mas por um conjunto de regras ainda não totalmente conhecidos. Assim com certeza caminharemos para um outro patamar de crescimento que deve no futuro fazer com que as pessoas apenas se relacionem por sentimentos que provoquem paz ou amor nos envolvidos. Um bom domingo a todos!